A libra esterlina não reagiu aos dados divulgados pelo British Retail Consortium, que mostraram que nem mesmo os descontos da Black Friday foram suficientes para evitar uma desaceleração nas vendas do varejo no Reino Unido.

Segundo o relatório, as vendas totais no varejo em novembro cresceram apenas 1,4% na comparação anual, abaixo da média dos últimos 12 meses e o resultado mais fraco desde maio. O bom desempenho nas vendas de eletrodomésticos e equipamentos de informática não foi suficiente para compensar a demanda fraca por roupas e calçados.

"A ansiedade em torno do orçamento fez com que o mês da Black Friday não entregasse os resultados que os varejistas esperavam — nem aqueles de que a economia precisava", afirmou o British Retail Consortium (BRC).

A CEO da entidade, Helen Dickinson, também destacou que a especulação em torno de possíveis aumentos de impostos, antes da apresentação do orçamento pela Chanceler do Tesouro, Rachel Reeves, em 26 de novembro, prejudicou a atividade econômica. Embora o Partido Trabalhista tenha posteriormente abandonado a elevação do imposto de renda, optando por congelar os limites de tributação nos próximos anos, os alertas sobre a situação delicada das finanças públicas já haviam afetado negativamente o sentimento dos consumidores em um dos períodos mais importantes para o varejo.

Muitos especialistas também associam a desaceleração no crescimento das vendas à inflação ainda elevada, que continua corroendo o poder de compra. Diante desse cenário, os consumidores vêm se mostrando cada vez mais cautelosos, adiando compras de maior valor à espera de condições mais favoráveis.

As vendas fracas no varejo também representam um revés para Reeves. Sua estratégia orçamentária depende fortemente do consumo — principal motor da economia britânica — com a expectativa de que as famílias utilizem suas economias e retornem ao comércio e aos restaurantes. Segundo avaliação da autoridade fiscal do Reino Unido, caso renda e consumo não se mantenham estáveis, existe o risco de um rombo de até £40 bilhões nas contas públicas.

Os dados do BRC estão em linha com um relatório da NIQ, que apontou queda na demanda por bens de maior valor e produtos de tecnologia durante a Black Friday, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Números divulgados separadamente pelo Barclays também mostraram que os gastos com cartões de débito e crédito do banco em novembro recuaram 1,1% na comparação anual — a maior queda desde fevereiro de 2021. Além disso, as despesas com bens e serviços não essenciais caíram pela primeira vez desde julho de 2024, segundo o relatório.

Ainda assim, como mencionei anteriormente, esses dados não tiveram impacto relevante sobre o mercado cambial.

Em relação ao cenário técnico do GBP/USD, os compradores da libra precisam retomar a resistência imediata em 1,3350. Apenas acima desse nível será possível buscar 1,3380, região cujo rompimento tende a ser bastante difícil. O alvo mais distante encontra-se em 1,3415.

Em caso de queda, os vendedores tentarão assumir o controle em 1,3310. Se esse suporte for rompido, isso representará um golpe significativo nas posições compradas e poderá empurrar o par para a mínima de 1,3270, com possibilidade de extensão até 1,3240.

Em relação ao cenário técnico atual do EUR/USD, os compradores precisam primeiro recuperar o nível de 1,1650. Somente acima dessa região será possível buscar um teste em 1,1680. A partir daí, o avanço até 1,1705 é possível, embora bastante desafiador sem o apoio de grandes players. O alvo mais distante está na máxima de 1,1725.
Em caso de recuo, espero atuação mais expressiva dos compradores apenas na região de 1,1625. Se não houver reação nesse nível, o mais prudente será aguardar a renovação da mínima em 1,1590 ou buscar oportunidades de compra a partir de 1,1570.